terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A Arte de Não Fazer Nada!

Fazer nada dá trabalho.
Uma trabalheira danada na verdade.
Nem toda a gente sabe não fazer nada.
Há livros que ensinam; há pessoas que nascem ensinadas.
Todos os dias eu retiro um pouco do meu dia para não fazer nada. Fujo da vampirização a que estou naturalmente sujeita e ocupo-me a não fazer nada.
Não fazer nada não é estar-se ocioso, pelo contrário é ocuparmo-nos com algo que nos dá um prazer infinito, uma sensação de bem estar e que é só nosso; ou talvez não seja só nosso.
Mas quando eu roubo tempo para fazer, procurar ou comprar um presente para alguém de quem gosto muito e a quem sei vai encantar o presente já não é uma coisa só minha; então esta actividade de fazer nada não se enquadra em não fazer nada.
Boa! Instalou-se a confusão!
Fazer nada há-de ser então uma coisa como:
  • deixar que nos lavem a cabeça e massagem e perfumem e penteiem e tudo o que temos que fazer é... não fazer nada; e neste não fazer nada tudo o que faremos é sentir a agua, o toque, o quente, os cheiros e no fim a suavidade dos cabelos;
  • Como um banho quente em que mergulhamos e sentimos o calor invadir-nos e abraçar-nos, o coração a desacelerar, o vapor a subir e embaciar tudo, até o olhar, o cheiro do gel/sabonete que se liberta da água e sobe atingindo-nos no nariz, o sono a invadir-nos;
  • ou uma massagem de relaxe em que sentimos o toque de umas mãos quentes que apertam e esticam e amassam a pele que se vai como que soltando dos músculos de tão relaxada e em que alternamos episódios de vigília com outros de sonolência, e sentimos também os cheiros que nos envolvem e parecem ter cores e assim nos deixamos levar para um país de tranquilidade de onde voltamos contrariadas, mas mais prontas para enfrentar este que é o nosso.
  • ou então um livro que nos engole e nos leva de passeio a países encantados onde suspiramos e vivemos vidas maravilhosas ou tão reais e sofridas que quase preferiríamos não ter sabido que existiam, mas que no fim nos devolve às nossas vidas perfeitamente a salvo e mais ricas do que no inicio;
  • também pode ser uma tarde ao sol numa praia ou esplanada ou só passeando na rua, ou uma viagem de carro, comboio ou avião;
Fazer nada, como se vê, dá uma trabalheira porque é preciso abrir os sentidos e sentir; sentir o que queremos; sentir o que gostamos; e mais difícil ainda, gostar; gostar genuinamente de ali estar e de fazer aquilo e sobretudo não nos lamentarmos por ser só aquele bocadinho de tempo.
Com certeza que amanhã e todos os amanhãs lá voltaremos àquele prazer tão grande.
Não podemos é esquecer-nos do caminho para lá.

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