quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Todos os olhos são poucos (e sim é melhor usar esse outro também)!


Dia 31 de Dezembro do ano passado, ao finalzinho da tarde, quando me preparava para começar a cozinhar o jantar da passagem de ano, para não variar, dei conta de que me faltavam alguns ingredientes (sou mesmo uma cabeça d´atum), vesti o casaco , calcei as botas e rezei para que ainda houvesse um Albert Heijn ou HEMA abertos.

Havia ainda um, e estava cheio, cheio, porque afinal eu não sou a única cabeça d´atum ao cimo da terra; lá comprei o que precisava e dirigi-me, feliz e contente à linha de caixas que apesar da eficiência do pessoal que lá trabalha, parecia não mais acabar.
À minha frente estava um homem com um bebé num carrinho, bebé este com não mais de três meses; loirinho, de olho azul, boquinha cor-de-rosa, uma delicia!

Assim que me aproximei, o homem olha-me e vejo na cara dele aquele olhar arrelampado, que costumo fazer quando me lembro de alguma coisa que deveria ter trazido e não trouxe, e saiu da fila em direcção ao centro do supermercado para ir buscar o que quer que fosse de que se tivesse esquecido.
Para minha ENOOOOOOORME estupefacção deixa o carro com o respectivo bebé!
Durante alguns minutos, que a mim pareceram horas, ali fiquei, praticamente em estado de choque,  a olhar para o bebé, e o bebé a rir-se para mim.

Foi o tempo suficiente para que o tigre-fêmea que há em mim acordasse do seu sono profundo.
Quando finalmente aquele pai voltou à fila das caixas e para junto do bebé, pus a unhas de fora, rugi, rosnei (até um safanão lhe dei) e basicamente perguntei-lhe se era maluco e se tinha esquecido de tomar os medicamentos? Se ele tinha noção do perigo que tinha corrido, da irresponsabilidade, da inconsequência, da estupidez do que tinha feito!
Respondeu-me que mesmo por saber isso tinha esperado que fosse uma senhora a chegar atrás dele à fila.
Uma senhora? Mas desde quando uma senhora é garante de não ser raptor?
Juro que não me conseguia calar! As filas, da minha e das outras caixas, estavam em silêncio e só a minha voz se ouvia (uma vergonha; é o costume quando me salta a tampa); todos os olhos postos nele.

Eu sei, porque também sou mãe e o meu filho também foi pequenino, que às vezes é preciso ir ali mesmo à prateleira do lado, que é preciso parar naquela loja e ele está a dormir tão bem no ovo que custa acordá-lo e é só num instantinho, que a conversa com aquela amiga que encontrámos e já não víamos há tanto tempo, está tão boa que nos distraímos um tudo nada, mas não, não pode ser!
É agarrá-los a nós com unhas e dentes!
É o nosso coração fora do peito que ali está; é a nossa Vida!
As merdas acontecem e não dá para facilitar!

Se vos parece exagero aquilo que estou a dizer, vejam aqui alguns exemplos do que falo.

16 comentários:

  1. Fizeste muitíssimo bem...eu faria o mesmo...acho que é um um terrores que me acompanha diáriamente...

    jinhooooossss

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    1. Vinha cá a dizer isto mesmo... Uma vez numa feirinha acordei separar-me do meu homem. Ele ia ver as coisas de caça e eu ficava ali pelas peças de artesanato. Era o Jr. pequenino pequenino, de ovo ainda. Tiro a mão do carrinho para pegar numa pecita qualquer. O meu homem estava a chegar ao pé de nós e para-lhe o cérebro e afasta-se (pronto vá, deu três ou quatro passos) com o carrinho... É que nem consigo expressar o meu sufoco ao não sentir ali o carrinho. Aquilo foi um milésimo de segundo que eu mal levantei os olhos vi-os logo, mas caramba... Foi por um triz, mesmo mesmo por um triz, que eu não desatei ali histérica aos berros. Escusado será dizer que quase esbofeteava o meu homem ali mesmo. Ui... É que nem quero que me lembre que já me apetece ligar-lhe a disparatar...

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  3. uma pessoa hj em dia com o stress nem se lembra de como deve reagir ou como se deve comportar.

    Paulinha

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  4. As pessoas bloqueiam. Ninguém lhe passa pela cabeça nunca, que pode acontecer consigo....

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  5. Fiquei doente. Principalmente porque já me desapareceu a miúda durante alguns minutos. 3 casais amigos com 5 crianças no supermercado. Eu a pensar que estava com o pai, ele a pensar que estava comigo. Com a confusão a miúda pisgou-se sem ninguém se aperceber. Nem 10 minutos foram, mas foram o suficiente para nos pôr a todos a cabeça a andar à roda, ainda hoje evitamos falar nisso. E quando vejo estas coisas fico agoniada. Não é dácil estar sempre de olho neles principalmente qunado são muito mexidos como os meus, mas basta um segundo de distracção. Por isso costumo dizer a partir do momento que somos mãe nunca mais temos sossego na vida.

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  6. Não é exagero nenhum! Todos os cuidados são poucos! As coisas acontecem a toda a hora e não é só aos outros!!

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  7. Até porque a maioria dos raptos a crianças são feitos por mulheres. Esse homem é realmente um atentado de pai! Meu Deus.

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  8. Este tipo de coisas aterroriza-me...e eu não tenho filhos!

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  9. Pânico, pânico, pânico. Acho que sou bastante cuidadosa, mas não somos quase todos?

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  10. há uns anos, teria pequena princesa uns 3 ou 4, cheguei ao parque infantil com ela (estava deserto) e eis senão quando aparece uma mãe com um bebe de meses (9 ou assim) e me pede para ficar com o bebé pois vai ali não sei onde, fazer não sei o quê. eu fiquei em estado de choque, e só pensei esta gente nunca ouviu falar de raptos? eu podia ter-me ido embora, ela estava longe, nunca me veria. eu jamais confiava um filho meu a um estranho, é que jamais!!

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  11. Brrrrrrrr (arrepio)!
    É assim que começa aquele romance do Ian McEwan, "Sábado". Uma distracção de um pai num supermercado, a que vai num sábado de manhã. E o filho desaparece.

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  12. Em Portugal, as pessoas são paranóicas com as histórias de raptos. Na maior parte dos países europeus, as pessoas são mais relaxadas. É frequente ver na Alemanha, por ex, crianças pequenas a irem sozinhas para a escola. Sim, é verdade que há raptos, mas também sabemos que acontece muito raramente, a probabilidade é baixíssima.

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    1. looool cristina, é mãe? a probabilidade "baixíssima" que refere significa que bastava, por ex, acontecer-me UMA vez para perder a minha filha, certo? vou continuar a ser paranóica, obrigada.

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    2. Sim, na Inglaterra e noutros países ditos evoluidos também é normal os pais doparem as criancinhas para irem para a borga, e deixarem-nas sozinhas em casa no que aqui é considerado negligência, ainda bem que não somos tão "evoluidos" como eles.

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  13. Típico de Holandeses.. uma das coisas que mais me choca também é irem com os bebés que mal se seguram à frente na bicicleta SEM CAPACETE.

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