terça-feira, 8 de julho de 2014

Da arrogância

Tenho na minha família, muito próximo até, um tipo de quem gosto bastante, a quem reconheço, muita, mesmo muita, inteligência e um excelente coração, tem no entanto um defeito que logo deita por terra todos os predicados que anteriormente referi; sendo um tipo muitíssimo opinioso e tendo vivido os últimos 40 anos, um pouco mais até, num desses países da Benelux faz por tudo e por nada, acerca de nós seus conterrâneos, depreciativas comparações e dando-se, sem sequer se aperceber, - juro que vejo que ele nem o faz por mal - uns ares de superioridade, toda e qualquer palavra que a Portugal ou aos portugueses se refere lhe sai boca fora negativa e arrogante.

Tipo habituado a distinções e mesuras em terras estrangeiras, professor em ilustres universidades, presidente de notáveis organismos e observatórios europeus, autor de livros publicados e artigos da especialidade, que eu não vou dizer qual é naturalmente, em revistas de referência, dir-se-ia ser um tipo sem necessidade de se pôr em biquinhos de pés para provar fosse o que fosse, fosse a quem fosse. 

Mas não, infelizmente, este tipo que me calhou em sorte na família e que como marido tem tido ao longo dos tempos um comportamento irrepreensível, de herói mesmo, não arredando pé nem nos piores momentos, vendo o que o estômago mais forte não aguenta, encorajando, e lutando lado a lado contra o invisível inimigo, tem enquanto padrasto e avôdrasto o condão de afastar tudo e todos…quanto mais lhes quer, mais os afasta…e porquê, perguntar-se-ão; porque não querendo não ter o que dizer e, quiçá temendo que o seu silêncio os deixe esquecer da sua existência, fala do que não sabe, debita opiniões que ninguém pediu e como dizem os que vivem do outro lado do Atlântico, aqueles que falam português com açúcar, "estraga o barato dos´outro".

Eu, por mim, quando ele se põe assim nem comento; dispenso-o, logo desisto!

2 comentários:

  1. Não há que temer a superioridade dos outros povos... temos que aprender e fazer melhor. Simples!

    ResponderEliminar
  2. Há tanta gente assim... Mas nalgumas pessoas que eu conheço nem é, propriamente, arrogância, é falta de inteligência emocional. São desapropriados mas nem se apercebem que o são, ou, pelo menos, na medida em que o são. (E é tão comum a inteligência intelectual estar associada a um défice de inteligência emocional...)

    ResponderEliminar