domingo, 18 de setembro de 2011

A idade


Este texto foi escrito há muito tempo; talvez seja intimo demais para ser colocado aqui, mas afinal de contas o desafio é falar do sexo e da idade e tenho a certeza que muitas outras, como eu naquela altura, já o pensaram.
Agora gosto muuuuuuuuuuito mais de mim outra vez. 
Não recorri a nenhum milagre da estética apenas passei a ser muuuuuito amada. Muito bem amada, e isso fez com que voltasse a ver-me sem lentes maldosas.

Algures, num recanto de todos nós reside uma esperança de que embora não sejamos eternos duremos, bem, um pouco mais.
Ora não há maior engano!
Estamos a morrer desde o momento em que nascemos; devagar aproximamo-nos da nossa própria morte; sem nos apercebermos ela ronda.
Uns mais outros menos recorremos aos milagres da ciência e não só para fazer perdurar a juventude que teima em escapulir-se; cremes, seruns, cirurgias, sexo, etc.
A determinada altura e em circunstâncias felizes apenas o brilho dos olhos consegue mentir de forma credível acerca da idade no BI. 
A pele trai-nos; já não tem fulgor, falta-lhe brilho; já para não falar da firmeza.
Preciso de uns suspensórios para a pele! Para as pálpebras! Para as bochechas! Para tudo!
Bolas, pensava mesmo que era capaz de fazer isto. Envelhecer com dignidade. Não me importar com isto. Pensava mesmo que por esta altura, quando isto começasse a acontecer eu estaria tão feliz, tão plena, tão preenchida e realizada que não só não me importaria como ainda o desejaria com fervor!
Tretas!
Nem sei se há gente que assim lide com a idade. Se calhar há; mas não eu.
Pior, para os feiotes a idade não costuma ser tão agreste, antes adoça todos os traços; mas para os outros não tão feios, habituados a ver devolvida no espelho e nos olhos dos outros uma imagem agradável a idade não perdoa a vaidade. Castiga!
É preciso aprender a viver com isto.
Bem podem dizer que é futilidade, pois que seja, mas custa.

Ao longo dos anos a nossa personalidade, embora mantenha os traços basilares, vai-se alterando e não é fácil às vezes admitir este novo nós, a nós e aos outros, da mesma forma mas ainda mais difícil é habituarmo-nos a ver a nova "embalagem" da nossa personalidade!
Num tempo de melhoria constante, em que se busca a excelência, o meu corpo resolve que lhe apetece fazer exactamente o contrário e faz o caminho inverso! Não é justo! E embora seja eu a dona deste corpinho não há nada que possa fazer para o obrigar a mudar de ideias!
Recuso-me a passar fome, recuso-me a sofrer às mãos de um qualquer carniceiro que corta, puxa e coze, recuso-me a encerrar-me dentro de um ginásio a suar aos pulos numa aula de gente histérica, recuso-me, recuso-me, recuso-me.
Mas confesso, não gosto de mim assim.

5 comentários:

  1. Sexinha, vê-se realmente que és uma pessoa amada e de bem consigo própria. Irradias alegria, e vê-se que que só quem está bem na sua pele o consegue. :)
    Passar os 40 custa bastante, bolas, mas há coisas que compensam. E uma delas é perceber que nos podem amar mais e melhor do que quando éramos inseguras e cheias de complexos estúpidos, ainda que tivéssemos tudo no sítio e não houvesse célula que não estivesse firme e rija!

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    1. Miú, que surpresa!
      Tu chegaste até aqui! Tão atrás!
      Dava o blog os primeiros passos e eu procurava-lhe o caminho!
      Obrigada :)
      Por todo esse carinho.

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  2. Sim, ando aos pouquinhos a bisbilhotar os teus recantos, porque é assim que fazemos quando engraçamos com alguém, não é? :)

    Aqui entre nós, confesso que julgava o título do teu blogue meramente metafórico ou, sei lá, um trocadilho intertexual a piscar o olho entre o maroto e o inocente. Do que eu não estava nada à espera era da tua primeira mensagem - uma mensagem, digamos, algo literal, ahahah. Quase corei... Mas lá que subscrevo, é verdade. Assiste-nos (a nós que passámos a tal barreira que não vale a pena estar sempre a nomear, não vá alguém ouvir-nos e decorar), a sapiência de uns anitos (bem) vividos. ;)

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    1. Ahahahahahahahah
      Estive à procura no teu blog mas ele ainda não tem email próprio (falaríamos melhor em privado) assim, respondo-te aqui outra vez; ahahahahaha sim, esse primeiro texto é muito crú e até a mim me faz corar...estou farta de pensar se não o deveria apagar mas, talvez não fosse honesto...foi assim que a coisa começou...
      Esse texto faz parte do espólio de um outro que tive (tenho, mas já lá nem sei entrar) e que estava (está) fechado a toda a gente. Na altura, em que comecei este, pensei fazer dele um testemunho de quem já passou a tal barreira e fala destas coisas com desprendimento e trouxe alguns dos textos de lá, para aqui...mas, na verdade, não é de todo a minha linha...como disse acima, procurava ainda o caminho. Para já, lá vai ficando, um dia não sei se não o tiro mesmo. O "engraçanço" é comum e dá-me mesmo muito prazer sabê-lo recíproco; arranjem lá um email para o blog. ;))

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  3. Pois, não ponho lá o email porque não tenho capacidade para manter MAIS UM email actualizado... (Suspiro)
    Mas há bocado já te mandei a fotografia da árvore, como me pediste, pelo que já o tens :)

    És uma querida em retribuíres o mimo: não é tão bom saber que podemos fazer amizades neste meio tão insuspeito? Eu pensava que fosse impossível. O nosso "blogger bonding" faz lembrar aquelas "pen pals" do antigamente - mas agora sabe MUITO melhor! :)

    Um beijinho grande
    PS - Compreendo o que dizes sobre a procura de uma identidade para estas nossas personas virtuais. E é por isso que, muito possivelmente, talvez venhas a apagar o dito cujo, pois não é bem a tua linha... Quando o li pensei que eras o alter-ego feminino do Patife ou doutros que tais, ahahah! - que até gostamos de ler e comentar mas que pensamos duas vezes antes de emular :)))

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