terça-feira, 13 de novembro de 2012

Eu sabia que não me aguentava sem falar da Jonet!

Esta coisa da Jonet tem andado a dar-me volta ao estômago e porque toda a gente falou e disse, apetecia-me nem dizer nada; mas há coisas que não podem, nem devem ser ignoradas.
Que a senhora não é uma comunicadora, não é, que não soube escolher os melhores exemplos, não soube, mas que falou acertado, falou!
Disse, e muito bem, que não dá mais para continuar a viver da forma desbragada como se vivia.
Pede-se a demissão (e a cabeça) da senhora, levantam-se as vozes aviltadas com as verdades expostas...enfim um aqui del-rei!
 Mas ninguém disse tão bem e de forma tão simples aquilo que penso como a Inês que escreveu no Pipoco, e a Pipoca (confusos?) destacou!
Por isso roubei!

E depois... leio estas coisas e volto a gostar dos Portugueses
"(sim a minha filha ainda tem pão com manteiga para comer. mas se eu tiver que comer Nestum para lhe oferecer, não um telemovel de ultima geração mas as botas Timberland que as amigas usam e a fazem sentir-se mais segura, integrada no grupo e lhe elevam a auto-estima, logo, a fazem feliz, garanto-lhe que o faria. Chama-se amor incondicional)"

Claramente não sabe o que é o amor... Nem educação.Amor é explicar à sua filha que tem muito mais valor do que o calçado que usa e não lhe deturpar a mente deixando-a acreditar que objectos desnecessários e pressão social a levam a lado algum. Porque se a minha mãe algum dia me dissesse que ia passar a alimentar-se de Nestum para me pagar umas botas eu mandava as minhas amigas para a puta que as pariu porque prezo o trabalho e o dinheiro de quem me deu vida e me sustenta. Se algum dia a minha mãe tivesse de passar dificuldades para que eu pudesse viver acima das nossas possibilidades eu tinha vergonha na cara, pegava nesse dinheiro e ia para a porta do Pingo Doce (onde não encontraria a senhora a contribuir) e gastava todo esse dinheiro em pacotes de arroz para o Banco Alimentar contra a Fome. Porque quer em tempos de crise quer em tempos de bonança o que se tem de valorizar são as pessoas, o equilíbrio e a poupança. E isso sim é AMOR! E é exactamente a isso que a Isabel Jonet se refere... Às pessoas que não sabem fazer esse julgamento entre aquilo que é realmente necessário (comer pão com manteiga, ajudar quem precisa e valorizar a família) e aquilo que é supérfluo (comprar umas Timberland).Ah... E dou graças ao Universo por me ter dado uma mãe irrepreensível. Isso é que faz falta nos dias de hoje."Inês Comentadora do Pipoco, neste post


19 comentários:

  1. Adorei o texto da ines...eu tenho uma filha á qual tento dar tudo,principalmente um prato de comida todos os dias na mesa... o resto se puder dou se nao puder ela nao fica triste pois sabe o trabalho que faço para manter este barco á tona. Por isso somos tao unidas. beijinhos a todas as maes que se desdobram para terem os filhos felizes.

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  2. Concordo totalmente. As pessoas habituaram-se a um estilo de vida fácil. Tudo aparece enquanto há dinheiro. Não se pode comer bifes todos os dias. E depois ...é preciso comer todos os dias???? Não foi feliz na maneira que o disse, mas quem quis entender, percebeu logo á primeira. Vamos ter de mudar de hábitos. E para o ano vai ser pior, mas o povo ainda não percebeu ou não quer perceber.
    Bjkas

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  3. Até que enfim que oiço alguém defender o discurso dessa mulher. Ontem também falei sobre isso. Sobre o quão hipócritas nós somos. É óbvio que andámos a viver acima das nossas possibilidades. Mas se alguém vem dizer que se tem que moderar na alimentação, vira tudo bicho. Os portugueses parecem aqueles ratos numa roda. Nunca evoluem.

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  4. Fabuloso comentário, isso é que é boa educação.

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  5. Vamos lá ver eu vi a entrevista na integra e efectivamente não gostei particularmente do que ouvi! Isto porque o tom era era mais do temos que nos habituar a ser pobres! Podemos discutir muita coisa, nomeadamente as responsabilidades da banca no que concerne a dar créditos a quem já estava sobre endividados, podemos discutir muitas coisas mas a verdade é que muito do crédito mal parado senão a maior parte do crédito prende-se com situação de desemprego. Acresce que a grande divida portuguesa não é divida privada...é a divida publica!!! Então chama-se à responsabilidade quem tomou decisões megalomanas de estádios, do abafar do BPN, de PPP´s que eu ainda hoje acho que são contratos absolutamente extra órdinários! Acho obviamente que o texto da Inês está muito bem feito, e concordo na totalidade com ela...mas acho que estamos a discutir coisas dispares! Uma coisa é o sobre endividamento das familias, que existe, mas cuja banca tem responsabilidades, atençao eu não estou a dizer que as pessoas não são responsaveis pelo credito atras do credito, mas a banca que tem taxa de esforço devia anlisa-las com mais cuidado. Mas neste momento a nossa crise prende-se com divida publica!! E não de divida privada!

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    1. Tudo muito bem Maria Pitufa, claro que a banca deveria ter sido mais cuidadosa e ter avaliado melhor a taxa de esforço de quem lhe pedia dinheiro, mas a banca mais não é do que uma casa comercial, um negócio, como o é um talho (o volume de valores transacionados é que é diferente) e não estou a ver o talhante deixar de vender bifes a quem lhos quiser comprar...
      Claro que os primeiros a ser chamados à barra e punidos deveriam ter sido aqueles que desbarataram valores e património público mas a culpa foi e é nossa...que deixámos, que olhámos para o lado!
      Para já, tudo o que posso fazer é tomar conta da minha casa, mas isso eu já fazia; não tenho nenhum empréstimo e não é por ganhar mundos e fundos mas porque foi e será sempre minha opção decidir o que é realmente importante e estabelecer prioridades; se sou frugal? Não, não sou, apenas me limito a permitir-me ter o que quero, quando acho que o posso ter e se isso não impactar na segurança financeira da minha casa (e também porque fui ensinada a poupar até poder pagar a pronto aquilo que quero - excluo aqui a casa e o carro porque naturalmente não sendo rica, herdeira e nem tendo acertado no Euromilhões não conseguiria pagá-las a pronto, mas posso confidenciar, a titulo de exemplo, que há anos atrás, era o meu filho pequeno, vivi um ano sem frigorifico (quando o que tinha se avariou) até o ter podido pagar a pronto - Sou uma traumatizada, e ainda bem, por uma mãe que me ensinou a perguntar antes de pedir fosse o que fosse "mãe, temos dinheirinho?" e por um pai a quem só podia dizer uma vez aquilo que queria (calças, sapatos, brinquedos) e ele decidia quando dar, consoante as suas possibilidades. Traumatizo da mesma forma, desde tenra idade e todos os dias, o meu filho que já tem 18 anos e espero que ele venha a traumatizar também os seus filhos. Isto tudo para lhe dizer o quê Maria Pitufa? Que tem razão no que diz mas que para já o que importa, e era a isso que se referia o post acima, é que o que é importante e urgente é reaprender a viver dentro daquilo que a nossa carteira permite e não confundir o cú com as calças. O importante são as pessoas e não aquilo que têm!

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  6. Meu deus! que falta de senso!
    kis .=(

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  7. Pois eu não poderia estar em mais desacordo!!!

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  8. Ah... esquece só li a primeira frase e fiquei logo a ferver... passar mal a mãe para comprar gadgets e coisas de marca aos filhos, para terem confiança e auto-estima e se sentirem integrados no meio dos amigos... parece-me aviltante uma mãe ter essa concepção de educar e criar... filhos, mudem de amigos, melhor, mudem de mãe!!!
    Sorry, podes eliminar o comentário anterior, please?... fiquei logo cega!!
    Bjs.

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    1. Olá Singular Morena (muito bem vinda), peço desculpa mas o comentário anterior foi lançado antes de ver os que se lhe seguiam; posso pedir-lhe que seja a Singular Morena a eliminá-lo uma vez que não gostaria que parecesse existir qualquer tipo de censura da minha parte às participações dos leitores?
      Obrigada.

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  9. Só mais isto: a felicidade não vem dos bens tangíveis e materiais, a felicidade vem antes do que nos nasce dentro e vamos alimentando!! Que dizer dos meninos em África, tão despojados de tudo e tão incrivelmente felizes!! Obviamente, não desejo esse fado e nenhum menino, mas cabe-nos a nós mães fazê-los perceber que a felicidade não vem agarrada a nenhum gadget de última geração, ou nenhuns ténis de marca!! (e a Timberlad já nem conta, para aqui... já é coisa fraca)
    Desculpa, mas como percebo que foi este tipo de distorção de prioridades e do que é essencial, que nos trouxe até ao abismo em que estamos hoje, fico lixada, pois com certeza que fico lixada!!!
    Bjs.

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  10. Eu acho que as pessoas perderam um bocado a noção do ridiculo. Comer nestum para dar bota Timberland? Que tal tentar educar a filha para que tenha personalidade própria e não precise de andar na carneirada para se sentir feliz? Sempre fui educada a não ligar às marcas, e quando entrei para uma Universidade privada fiz questão de arranjar um part-time para as minha próprias despesas porque sabia que os pais faziam bastante sacrificio para andar lá.
    Eles nunca quiseram mas eu é que não me sentia bem. Mas via lá alunos que já tinham carro e tudo o mais, e os pais a fazer sacrificios em casa. Os meus filhos vão habituados ao mesmo, tanto vestem zippy como roupas sem marca,e a minha filha ( com 6 anos) quando pede alguma coisa, se eu disser não que é caro, já não pede 2ª vez. Tudo vai da educação que se leva em casa.
    Eu não estou contra as pessoas que usam marcas se realmente têm possibilidades para isso, mas há que ter noção da realidade.

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  11. Comentário super directo e realista! Condordo!
    E acho que nunca, e muito menos na conjuntura que atravessamos se podemos nos dar ao luxo de satisfazer todos os caprichos dos filhos, é um mau exemplo, até porque depois habituam-se assim e na fase adulta dificilmente conseguem superar uma dificuldade na vida!!

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  12. Ahhhh, dou graças pela educação que os meus pais me deram! Além de perguntar se havia dinheirinho para a peça de roupa que queria, ainda tinha de o merecer trabalhando no escritório do meu pai. Além de que dava muito mais valor quando as roupas eram feitas pela minha mãe!

    O Gafanhoto já teve uma educação diferente, a mãe esfalfava-se a trabalhar para dar tudo aos meninos (ele e o mano). Agora o Gafanhoto pede-me para ser eu a gerir a coisa por casa que diz que eu sei poupar, que faço "magia", ahahah!

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  13. Enquanto filha a viver "ás custas dos pais" nunca tive uma peça de marca, a não ser um bikini Benetton com 80% de desconto e umas calças Soviet com 50% de desconto. Da mesada que recebia comprava roupa, livros, discos, saídas á noite e o tabaquinho que na altura fumava. Se ficasse sem dinheiro, temos pena, não há mais, dizia a minha mãe. Por isso sempre fui muito frugal, fumava 5 cigarros por dia, comprava roupa na Feira de Carcavelos, saía á noite e bebia só uma cervejita ou duas, comprava um disco quando o rei faz anos, e livros era uma ou duas vezes por ano - felizmente os meus pais tinham um biblioteca bem grande. E no entanto, dentro da mesma casa convivi com uma realidade completamente oposta, a minha irmã a quem a minha mãe dava tudo do bom e do melhor, ele era roupas de marca, ele era maços de tabaco quando se lhe acabava a mesada a qual ela espetava em bolos no café logo no inicio do mês. Vivi sempre com o não poder ter o que os outros tinham, o ser sempre mais desfavorecida do que as minhas amigas, e isso fez com que sempre quisesse ser contra corrente em tudo, principalmente nos meus visuais. Reciclei muita coisa da minha avó para usar eu, e não foi menos feliz por isso. Nunca soube o que é viver acima das minhas possibilidades até ao dia em que perdi um emprego com vários salarios em atraso, um casamento para pagar - do qual cancelamos practicamente TUDO e fizemos a festa em nossa casa para umas 10 pessoas - uma renda da casa que era preciso cumprir todos os meses, e um processo de pedido de subsidio de desemprego perdido durante 8 meses pela Segurança Social. Para comer recorri ao cartão de crédito, sim. Para comer pão e batatas, que saía mais barato, enquanto deixava as proteínas para o meu marido que trabalhava de sol a sol. Endividei-me, pois foi. Para comer, para pagar a renda da casa, porque não tinhamos mais para onde ir, a não ser para a rua. Levei quase dois anos a arranjar outro emprego, e não não é por ser esquisitinha e não me querer sujeitar. Concorri a tudo e mais alguma coisa, mas enfim, há pessoas que devem cheirar a incompetencia á distancia e eu acho que sou uma delas ;). Há 20 anos que não como um bife, e não considero que tenha alguma vez vivido acima das minhas possibilidades, lá está, sobrevivi foi acima das minhas possibilidades. Continuo a pagar os erros de uma classe governante que não escolhi - nunca na vida votei PS ou PSD - e de uma classe média que sofria de uma grande necessidade de mostrar aos outros que têm acesso a tudo do bom e do melhor. Não passo férias fora há 10 anos - as últimas foram na lua de mel - e as férias que passo ou são cá em casa, indo á praia aqui ao pé ou na casa de verão da minha mãe que faz a gentileza de nos deixar ir lá de quando em vez, pelo meu filho. E no entanto cá estou, a ouvir que pessoas com a minha idade que estejam desempregadas nunca mais vão arranjar um emprego e que têm de começar a pensar é em criar o seu emprego e abrir o seu negócio. ATé porque todo e qualquer banco me vai dar empréstimos para isso, claro está. Mas não é que eu precise, ganhei o euromilhões e posso criar o meu próprio emprego, porque arranjar trabalho, isso nunca mais. Morri para o mundo, e revolta-me estar a ouvir este tipo de coisas CONSTANTEMENTE por parte dos grandes empregadores deste país, nas entrevistas que dão, quando falam da tragédia que é o desemprego para as familias. Sempre aprendi a viver com pouco, e assim continuo, mas as contas andam felizmente pagas e o puto está vestido e alimentado e é feliz, e sabe o que é poupar aos 4 anos de idade. Mas não vou deixar de me revoltar por ouvir certas bacoradas acerca da empregabilidade das mulheres acima dos 35 e da necessidade de essas arranjarem o seu próprio emprego. Já tentei, e nem isso consegui.
    http://fashionfauxpas-mintjulep.blogspot.pt

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