segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Ontem III


E foi com esqueleto todo torcido que do yoga fui para casa de Querida Mãezinha a tempo de lhe levar um bonito para celebrar o dia da Mãe (cá em casa mantemos o 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição) e lanchar.
Enquanto lanchava os olhos de Filhinho Mais Lindo cairam sobre o silencioso relógio grande de parede; e questionou-se acerca do silêncio.
Querida Mãzinha respondeu-lhe que o raça do relógio era manhoso e que só o bisavô e depois o avô (meu pai) o conheciam bem, como tal ela não o conseguia pôr a trabalhar.
Eu sei - respondi eu - é um truque que o pai me ensinou quando eu era pequenina.
E perante o espanto de Querida Mãezinha e o ar divertido de Filhinho Mais Lindo, agarrei no escadote, icei o esqueleto dorido lá para cima, e deixei que a memória dos meus oito anos, guiada pela voz do meu pai, desse som e movimento ao velho relógio.
E quando ouvi a corda do mecanismo levantar o martelo para o primeiro Dlããããão, prendi a respiração, e vi o sorriso satisfeito de meu pai, como da primeira vez em que me ensinou.


10 comentários:

  1. De tanto que já li aqui no teu cantinho, este post, foi seguramente, um dos meus preferidos! Bj*

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  2. A prova que quem parte vive em nós.

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  3. E com este teu post sorri e fiquei com uma lágrima no canto do olho.
    Trouxe-me à memória o meu avô, e os momentos em que dava corda ao relógio. E só ele é que dava, mas eu aprendi de tanto ver e de o ouvir....
    Infelizmente a corda partiu-se, mas de vez em quando ainda ponho uns ponteiros numa hora certa e ponho o pêndulo a funcionar só para o ouvir tocar.

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