segunda-feira, 26 de maio de 2014

Eu, lá.

Sei que não me fica muito bem dizer isto mas em regra, estou-me a borrifar para os museus.
Se em Nova Iorque vi o MoMa, o MET e o de história natural (AMNH) e se na Hungria fiz questão de visitar a biblioteca de Kalocsa e em Budapest não dispensei o Museu do Holocausto, já na Holanda apenas vi o de Van Gogh (confesso que tentei ir ao Mauritshuis ver a miúda com o brinco mas estava fechado para obras) e em Roma disto dos sitios onde têm as obras armazenadas, apenas o vaticano me viu a cor dos olhos. 
Em Espanha e França então não fui a nenhum (também é verdade que  a Garcia y Ortega em Madrid  e a Faubourg Saint Honoré em Paris não me deixam muito tempo livre).
Sou uma bruta?
Pois se calhar sou, mas a verdade é que não gosto nada de andar ao molho atrás da multidão a ver armazéns de antiguidades.
Prefiro vê-las e estudá-las nos livros, documentarios e na internet (abro aqui um parentesis para algumas excepções: como poderia eu sentir a comoção que senti frente à Pietà se não tivesse a pedra lisa e macia à minha frente? Se não a pudesse contornar 360º e observar aquele rosto de Maria onde se condensam várias mulheres na sua dor; a amante, a mulher, a mãe…todas e uma só, chorando a sua perda; perfeição arrancada à pedra).

Se acaso me apanharem numa destas incursões é fácil identificarem-me; serei aquela que se detém apenas por um ou dois segundos frente a cada obra, a que reclama do calor, a “agoniada” por ver tanto basbaque de mochila às costas e auscultadores nos ouvidos, olhando, a maior parte deles com ar de boi para palácio, a que se indigna ao ver a fila para tocar no pezinho do santo (como o pé de S. Pedro na Basilica de S. Pedro em Roma) já desfeito por tanto afago.

Vem isto a propósito da visita que fiz recente (não podia dizer não) ao Escher en Paleis (mostra de Escher no Het Paleis em den Haag).
Está a colecção num antigo palácio em Haia; traça bonita, tectos altos, frescos nas paredes, soalho em tábua longa; e foi mesmo o soalho que me prendeu a atenção.

Chusmas de gente para entrar, mais de 100 mil já viram a exposição; a cada passo meu, e eu nem peso tanto assim, oiço o soalho ranger e lembro-me do pé de S.Pedro e da Pietà (que acabou por ter se r protegida por um cubo de acrilico anti-bala depois de um doido a ter atacado com uma picareta) e temo pelos frescos das paredes e pelos vitrais…

Ná, recuso-me a fazer parte desta mole destruidora.
Para mim o importante é fazer como faço; obras de arte nos livros, internet ou tv, e os países e sitios nos meus pés.
Sou feliz caminhando de mochila às costas conversando e comendo à mesa com as gentes.

É assim que conheço o país.

6 comentários:

  1. Confirmo, contudo, que se pode ir ao Faubourg Saint Honorè de manhã e ao d'Orsay de tarde, a pé passando a Pont de La Concorde. Convém é não parar na Place Vendôme :)

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  2. Qdo voltara Madrid va ver a menina de Velasquez pode que lhe caia uma lagrima como a mim.

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  3. O "antes prefiro" é a gozar, não é?
    É que "antes prefiro" é tão mau quanto "ambos os dois". :/

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    1. Tem toda a razão!
      tanto se brinca com a língua enquanto falante que bai a ber-se e óspois um dia saiem-se-nos destas.
      Obrigada chu.
      (já corrigido)

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  4. Cada um é como é, e viaja como quer e visita o que quer.

    Geralmente viajo fora de época, pelo que é raro deparar-me com filas e hordas de turistas (a maioria não vê nada mas fotografa tudo!).

    Mas p.e., sempre que vou a Londres, cumpro um ritual: entro no Museu Britânico, subo as escadas, vou directa à secção das múmias e faço o "Salvé Bastet" às três múmias felinas! :-) Há quem diga que eu sou doida, mas "I don't care"! :-)

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  5. Já eu gosto de visitar tudo o que conseguir (do que me interessa, claro).

    Bjokas*

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